O alegre estalar da lenha anuncia uma nova imagem do dia: o fogo cada vez mais perto e mais presente no cotidianho. Crianças brincam sentadas no tapete, próximas entre si e à lareira. O pinhão recém saído da panela de pressão estampa sorrisos nos rostos dos pequenos.
Pés com meias fofas esfregam-se enquanto as mãos frágeis e ainda inseguras torcem e inventam novas modelagens às massinhas hoje atóxicas.
Não longe, adultos sentados à mesa ensaiam um carteado. Cartas, hoje plásticas, refletem a luz e por pouco não se reproduzem no sorriso daquele mais abençoado pela sorte. Vinho tinto, pipocas... é junho.
O triste estalar do dendes que se chocam, o queixo trêmulo e os dedos gélidos anunciam uma nova dor: a dor do frio. Sentadas ao chão, pequenas crianças, muito próximas, procuram no corpo das outras o calor que lhes falta.
Pézinhos descalços e sujos esfregam-se enquanto a imaginação procura aquecê-los... Próxima, a cola tóxica.
Perto, adultos em caixas de papelão conversam e riem como se o frio e as dificuldades de uma vida acre não existissem. Superam momentaneamente. A cachaça ajuda... é... é junho.
Que lindo texto!
ResponderExcluirFez-me viajar...lembrar do prazer que o inverno proporciona, sem esquecer da dor que ele provoca em outras pessoas.