segunda-feira, dezembro 03, 2007

Entre sonhos e pesadelos ou da saúde mental.


A noite chega e o relógio sinaliza: ou corre-se para a cama, ou o dia seguinte começará com a dolorosa sensação de que o nosso corpo está pesado demais para se erguer. Estranho. Ao mesmo tempo em que dormir parece uma perda de tempo, não queremos nos desvencilhar do estar alheio ao mundo, ou melhor, estar vivendo o mundo dos sonhos.

Só eles explicam a nossa necessidade de dormir mais do que o tempo biologicamente necessário à recomposição física. A dificuldade de enfrentar a gravidade em pé.

Quantas vezes buscamos desesperadamente voltar ao mundo dos sonhos para, da primeira fila de um cinema particular, assistir qual o final traçado pelo nosso roteirista inconsciente naquela história perdida. Às vezes até conseguimos. Será que conseguimos?

Um amigo tabagista havia conseguido livrar-se do vício. Fazia seis meses que suas aflições, angústias e prazer não eram incandescidas pela rouca brasa do cigarro. Certa noite, via-se, no sonho, em um lugar paradisíaco. Sentado. Só. A observar aquela linda paisagem e desfrutar do prazer que a nicotina lhe conferia. Subitamente no imaginário, deu-se conta que não fumava mais. Acordou. A sensação de angústia que esmagava o seu peito era brutal. Queria o sonho de volta para sentir o prazer da sensação perdida. As férias do vício acabavam ali. Era dever acender um cigarro, imediatamente.

Assim, nosso inconsciente brinca conosco, sonha-se com pessoas queridas perto de nós, com sujeitos que nunca vimos ou que temos uma relação distante, com fatos aparentemente reais, conectados ou não, com histórias de detalhes sem sentido (ao menos aparente), com situações doces e outras nem tanto. Tal suave brincadeira, contudo, é fundamental para a nossa saúde mental, a fim de que possamos suportar cada vez mais as pressões do cotidiano, para que se possa superar limites, obstáculos e, até, imperativos que o mundo real nos traz.

Cultive o sono e seus sonhos, inclusive os ruins, anote-os. Quando se acorda no meio da noite, suando, é salutar puxar o caderno, a caneta, e escrever o que nos levou a essa sensação. Aliás, se fizéssemos isso mais seguido, teríamos melhores condições de compreender melhor a nós mesmos.

Sonhe muito. Bons sonhos! Ah, mas não se esqueça: não desista de transformar os bons em realidade.

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