Há três dias, o fantástico de uma experiência singela e prazerosa me deixou pleno de satisfação.
Pode parecer estranho, mas, simplesmente... caminhei.
Após uma reunião, à qual fora de táxi para não me atrasar ainda mais, resolvi retornar à pé, ou melhor, ir saboreando os meus próprios passos em direção aos meus últimos destinos que aquele dia me reservava.
Fazia frio, iniciava a noite, mas, agasalhado, a sensação do frio no rosto rejuvenescia, energizava-me a cada metro de asfalto, cimento ou pedra que ganhava. Foram uns 2 ou 3 km apenas, mas que muito significam quando não se tem por objetivo fazer exercício ou chegar correndo a algum lugar, mas sim, sentir a cidade. Sim, é isso!
Pela sola dos pés percebe-se o bater do coração vivo da cidade! Sua pulsação... ora intensa, ora tranquila, arritimia e desritimia... mas, fundamentalmente, ritmo... sua musicalidade...
Sem saber, sentia falta daquele tipo de passeio... descompromissado, com tempo, com a possibilidade de perceber detalhes de uma rua que passo seguidamente... tão seguidamente a ponto de vulgarizar a sua existência e não percebê-la. Sim, nossos olhos se esquecem do que sempre veem. Recordo-me do "Paixão de Cristo", de Mel Gibsom, que, de tão violento desde o seu início, leva-nos a deixar de perceber a crueldade humana após dez minutos de exposição.
A velocidade dos nossos compromissos nos impede de olhar, olhar de verdade, de perceber. De notar. E como é belo poder notar!
Pretendo praticar mais!!!
"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara." Epígrafe de "Ensaio sobre a cegueira", do Saramago.
ResponderExcluirPraticamente não vemos nada ao nosso redor: não é só o tempo que passa rápido, mas praticamente tudo o que não prestamos atenção e que achamos que nunca teremos TEMPO para fazer/olhar/ver/reparar...
Abraço,
Achutti.