Entre o último disparo do sol escaldante e o primeiro estampido da noite, quase que por casualidade, eles se encontram na praia. Um doce sorriso cúmplice nos lábios. O gélido arrepio da apreensão do encontro situado no poço fundo do estômago. Olham-se, riem e sentam-se na areia.
Há tempo não se viam, ao menos não com a possibilidade de conversar sem estarem premidos pelo tempo, pelas pessoas, pelos compromissos. Aquela noite era só deles. Tal percepção transformava um pequeno em um largo e brilhante sorriso que refletia nas estrelas.
Logo abriram suas bocas e a conversa fluía solta, leve, inebriando-os lenta e vagarosamente, intimamente... o diálogo os entorpecia, tornado supérfluos o vinho e o fumo.
O tempo passou, horas... doces horas. Aliás, parecia não haver tempo, entorno, espaço, eram os dois, sós, apenas os dois na cidade. Nada mais em volta, unicamente suas vozes e o calor da pele de cada um que, aos poucos, se sentia. Encostavam-se em meio à fala e a mão de um repousava carinhosamente no braço do outro. Dedos entrelaçavam-se.
Ela falava mais, gesticulava mais. Ele, encantado, ria e a adorava. Ela perguntava como e quando havia decidido partir, se tiveras filhos e se era feliz. Ele, se ela estava sozinha, e, Ela, sim, que sabia fingir...
A noite passou e quando perceberam, nada mais, nenhuma luz além da lua iluminava a praia, todos dormiam. Dormiram ali. Entre abraços, afagos, carícias, cheiros, mas, curiosamente, sem beijos...
Ao primeiro raio de sol foram para casa. Dele ou dela... tanto faz... e proibiram-se mutuamente de de lá sair. Ficaram o final de semana. Sim, com beijos. Muitos. Sumiram. Desapareceram para o mundo e seus telefones celulares ao perceberem a magia do momento, decidiram, espontaneamente, parar de tocar. Silêncio. Ou quase isso.
Na segunda-feira, quando ele acordou, percebeu que ela já não mais estava ali... mas sorriu. Naqueles dois dias, foram só eles e mais ninguém, apenas dos en la ciudad.
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