segunda-feira, outubro 19, 2009

Vida 2 (continuação)

Som alto, jornal aberto sobre a mesa da copa e duas torradas de pão de centeio com cottage e mel, como seu pai costumava fazer desde os tempos em que escalava a cadeira forrada com veludo marrom da sala de jantar e ajoelhava-se para, não só alcançar o que lhe ofereciam, mas, principalmente, para melhor participar do café da manhã e pegar o que nem sempre lhe era permitido. Desde pequena, comandava a mesa.
Tinha mais de vinte e menos de trinta, mas pouco importava a sua idade, ao menos ninguém perguntava, pois sua luz era própria de quem ultrapassa o tempo sem vínculos necessários com ele.
Havia alguns anos que estava longe de casa, de seus pais e de seu país. A vista do mar de Le Moularderie, embora bela, trazia lembranças de casa e seus olhos, insistentes em refletir o mar, às vezes a traíam com uma gota salgada.
Talvez já fosse a hora de voltar.

Um comentário:

  1. Marisa9:46 PM

    Felipe querido, que alegria voltar a me deleitar com teus
    escritos.Tia Osmilda foi marcante mesmo! O conto, delicioso. Gostaria que me recomendasses umas leituras!

    VIDA me emocionou,é muito lindo. Que bom que consegues por tudo no papel. Eu penso, mas não sei me expressar.

    MARISA.

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